Instituto Metodista Teológico João Ramos Júnior: origem e propósito

O Instituto Metodista Teológico João Ramos Júnior é fruto da mobilização da Igreja Metodista na 4ª RE e, indiretamente, fruto também do momento político do país. A Igreja Metodista, por meio de suas lideranças, buscava criar uma instituição teológica, algo que não era necessariamente novo, já que a primeira Faculdade de Teologia da Igreja – A Escola Bíblica do Granbery (o Seminário) – surgiu no início do século XX, em Juiz de Fora, Minas Gerais.

As instituições teológicas metodistas no Brasil

As primeiras instituições teológicas da Igreja Metodista no Brasil remontam ao início do século XX. No entanto, em fins de 1889 e/ou início de 1890, um curso já estava sendo oferecido para a formação de jovens [obreiros nacionais] para o ministério da Igreja, anexo ao Granbery [NOVAES NETTO, p.93.].

Arsênio Firmino de Novaes Netto nos lembra que “O Seminário foi a razão maior da criação do Granbery, tendo em vista a formação de pastores” [NOVAES NETTO, p.91.]. Portanto, a criação da Faculdade de Teologia em Juiz de Fora, nas dependências do Instituto Metodista Granbery, era uma questão de tempo, o que pode ser observado a partir de 1919, quando o Seminário passou a ser chamado de “Escola Bíblica” [NOVAES NETTO, p.104.]. Seguiu-se depois, a criação da instituição de teologia em Porto Alegre, RS, fundada sob a direção de Sante Umberto Barbiere.

A unificação destes cursos de Teologia visou centralizar-se em uma Faculdade de Teologia permitiu a normatização do currículo e da formação teológica. Isso ocorre inexoravelmente no final da década de 1930 e início da década de 1940, com a aquisição da propriedade pelo IMS – Instituto Metodista de Ensino Superior –, em São Bernardo do Campo, SP.

A Faculdade de Teologia da Igreja Metodista no Brasil [FTIM] nasceu, portanto, da unificação e centralização dos cursos de teologia existentes no Brasil. O sonho de um centro universitário de referência povoava a mente e o ideal metodista naquele momento. A crítica à centralização pôde também ser sentida, em especial, quando as lideranças optaram mais tarde pela descentralização do sistema de educação teológica, com a criação dos seminários.

Contudo, a criação dos seminários regionais não era uma decisão isolada, nem mesmo a manutenção desses seminários. A criação de órgãos, como a CLEB (Câmara Brasileira de Literatura) e a ASTE (Associação de Seminários Teológicos Evangélicos), que discutiriam e/ou fomentariam a educação teológica [LONGUINI NETO, p.84-102 et passim], favoreciam o cenário da educação teológica e o novo momento das igrejas evangélicas no país. A questão influiu também diretamente sobre o governo da Igreja; inclusive, as eleições dos bispos da Igreja Metodista passaram a ser regionalizadas.

O momento político da nação

A história do Instituto Metodista Teológico João Ramos Júnior é compreendida a partir da desmobilização Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, ocorrida na década de 1960. Sob efeito do Golpe Militar no Brasil (1964), muitos centros universitários foram fechados no país, como a Faculdade de Teologia da Igreja Metodista (1968). Concomitantemente, o movimento estudantil foi fortemente atingido e suas lideranças desguarnecidas e perseguidas.

Com o fechamento da Faculdade de Teologia, em maio de 1968, as regiões eclesiásticas se articularam em torno da criação dos seminários regionais, com o intuito de dar continuidade à formação dos seus pastores e pastoras. Para muitos formadores de opinião, o Instituto Teológico surgiu de um regionalismo que refletia questões de governo, como a eleição dos bispos da Igreja na própria região, em seus concílios regionais.

Se o momento político da nação favoreceu a abertura das instituições teológicas regionais, como o Instituto Teológico [IMTJRJr], questão que não é imponderável, é oportuno considerar a mobilização das lideranças da Igreja Metodista que asseguraram a continuidade da formação dos seus obreiros, pastores e pastoras para preencher o seu quadro.

O começo do IMTJRJr

Como lembrou Leon Everett Strunk, “o prédio do seminário em Cachoeirinha era destinado ao Lar das Crianças”, um orfanato que nunca chegou a funcionar ali [Cf. Carta - De Leon E. Strunk para Gercymar W. L. e Silva – Asheville, 13 de maio de 2012]. Com o fechamento da Faculdade de Teologia, em São Bernardo do Campo, o prédio foi destinado ao Instituto Metodista Teológico João Ramos Júnior, que homenageava essa personagem do metodismo mineiro, capixaba e baiano e, sobretudo, brasileiro.

O Instituto Teológico, nosso seminário regional, iniciou suas atividades em 3 de março de 1969, com a aula inaugural proferida pelo saudoso Bispo Almir dos Santos, tendo como diretor o pastor canadense Donald E. Cockril. O prédio de Cachoeirinha, ao lado da Igreja Metodista Carlos Wesley, era a base de atuação da igreja local e das atividades do seminário. Temos notícia que a primeira turma foi formada pelos estudantes Adauto Fabrício, José Nogueira, Levi e Natanael Gomes.

Atualmente o trabalho do Instituto Teológico está centrado na formação do laicato, como prioridade da formação e capacitação permanente de lideranças locais. Seu atual diretor é o pastor Jovanir Lage e está situado na Sede Regional da Igreja Metodista na Quarta Região, mesmo local de seu início em 1969.


Este texto foi realizado com informações do rev. Leon E. Strunk, Lino Estevão Magalhães Leite, Cilas Ferraz de Olvieira e Aluísio Faria de Siqueira.

Gercymar Wellington Lima e Silva

• Pastor da Igreja Metodista na 4ªRE

• Especialista em Estudos Wesleyanos

BIBLIOGRAFIA:

NOVAES NETTO, Arsênio Firmino de. As crises de um ideal: os primórdios do Instituto Granbery (1889-1922). Piracicaba: UNIMEP, 1997.

LONGUINI NETO, Luiz. Educação teológica contextualizada: análise e interpretação da presença da ASTE no Brasil. São Paulo: ASTE, 1991.


quem foi joão ramos júnior?

João Pedro Ramos Júnior nasceu em 18 de março e 1903 e descansou no Senhor dia 14 de agosto de 1971 aos 68 anos. Em 1919, matriculou-se no Instituto Granbery, onde fez o 3º e 4º ano primário, continuando os estudos no ginásio, ciências e letras e o curso de Teologia no Seminário.

Foram ao todo, onze anos consecutivos de estudos, progredindo com muito esforço pessoal, com fé e inspiração divina. Além de sua formação e letras que o fizera cultor e mestre na língua portuguesa, João Ramos Júnior versava o latim, o inglês, o francês, o grego e o hebraico.

Como hebraísta, fez parte da Comissão Revisora da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil e ministrou aulas durante cinco anos na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista no Brasil.

No ministério pastoral trabalhou 32 anos. Os que o conheceram pessoalmente testemunham sua boa pregação, sua habilidade na escrita, seu cavalheirismo e sua facilidade de fazer amizades em todas as cidades onde morava. Após ter percorrido os estados do Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, seu último campo ministerial como pastor foi a paróquia de Cataguases, interior de Minas Gerais.

Após uma enfermidade que o impedira de trabalhar, João Ramos Júnior viveu por mais onze anos em sua casa, sob o cuidado dos filhos e filhas, sempre com a mesma simpatia e seu sorriso espontâneo e natural.

Seus 10 filhos: Aser, Abner, Anthero, Abdias, Asená, Alaíde Rosa, Arly Celeste, Adar-Cora, Adonias e Jonicy, todos honram o nome de seu inesquecível pai.